UM GRANDE HERÓI

Na minha modesta visão, um dos maiores heróis da história do cinema é o frágil porquinho Babe, do filme Babe, o Porquinho Atrapalhado (Babe). Este modesto post é uma singela homenagem a este pequeno grande herói. Quem quiser rir, achar que estou ficando maluco, que sou infantil... vá em frente! Divirta-se! Não há problema, pois quem admira um dos personagens mais generosos e bondosos do cinema não pode passar a vergonha de arrumar briga por pouca bobagem.
O filme Babe é uma da mais belas histórias que a sétima arte já produziu. Trata-se da história do porquinho Babe, que foi adotado pela cadela Fly e tenta ser um cão pastor, ou melhor, um porquinho pastor. Parece uma história bobinha, mas poucos roteiros trabalham tantos valores e sentimentos importantíssimos, com tanta leveza e sem esbarrar no sentimentalismo barato.
Obviamente a história fala sobre perseverança, insistência e força para não desistir de um sonho. Mas não se resume a isso. É tocante a forma como a trama trata a questão da maternidade. O carinho e a preocupação da cadela Fly pelo doce porquinho Babe são emocionantes, provando que o verdadeiro amor materno não fica restrito às questões de sangue. Que grande lição esta descolada cadela não está dando para todos nós, quase sempre mergulhados em nossos sentimentos egoístas e mesquinhos!
Mas nem tudo são flores na pequena propriedade onde Babe vive. O filme também trata de um assunto delicado: a hora de admitir que estamos velhos demais, e que já está chegando o tempo de se aposentar. Nem todos passam por este momento sem enfrentar situações traumáticas. Assim acontece com o cão Rex (voz de Hugo Weaving), o “esposo” da mãe postiça de Babe. O velho cão pastor não quer admitir o problema de audição, causado por uma terrível enchente, nem quer aceitar que está na hora de passar o bastão para frente, no caso para o nosso simpático porquinho. A sua implicância com Babe talvez se explique também por estes motivos e não só pela questão “racial”.
É inegável que esta bela película fala primordialmente de amor. Um amor profundo, sem medo e sem fronteiras. Como o amor do fazendeiro (James Cromwell) pelo frágil porquinho Babe. Um amor tão grande que não teme o ridículo. Mas, não é assim quando estamos apaixonados por alguém ou por um projeto de vida? O filme defende a tese de que quando amamos de verdade, acreditamos no potencial de quem amamos. Encorajamos a “pessoa” amada a seguir e lutar por seus sonhos, mesmo que pareçam absurdos. Por isso, o velho criador de ovelhas não teme se expor ao ridículo diante dos seus pares porque acredita no potencial de seu amado e especial porquinho.
A intolerância é um dos grandes problemas do século XXI. Sempre vemos o outro como perigoso e potencial inimigo. Assim como os cães pastores, que sempre viam as ovelhas como seres inferiores e burros, e as ovelhas, que sempre viram os terríveis “lobos” como brutos, violentos e burros. Assim sempre viveram em conflito e com desconfianças mútuas. Até que um frágil e desengonçado porquinho mostrou aos cães que as ovelhas eram inteligentes e poderiam colaborar se houvesse mais diálogo, e mostrou às ovelhas que os terríveis “lobos” poderiam também dialogar e não só morder e rosnar. Pena que haja poucos “porquinhos” Babe na vida real e que suas vozes sejam quase sempre ignoradas.
O filme mostra também que, infelizmente, as perdas fazem parte de nossas vidas e que, apesar de nos causarem imensa dor, contribuem para que venhamos a amadurecer e evoluir. É emocionante a cena em que o doce Babe perde sua amiga, a velha ovelha que lhe dava conselhos e que ajudou em sua educação. O nosso herói descobre que a dor faz parte da vida e que podemos crescer ao superar o sofrimento.
Finalmente, o nosso pequeno herói nos ensina que não devemos ser fatalistas e aceitar rótulos que nos sejam colocados por terceiros. Deus nos concede habilidades e não devemos ter medo de usá-las porque nos consideram predestinados a sermos outra coisa. Está em nossas mãos a oportunidade de construir o nosso destino, principalmente se temos aqueles que nos amam ao nosso lado. E todas estas lições de vida são tratadas com humor e poesia, sem parecer piegas ou coisa de livros de auto-ajuda.
Por isso tudo, faço reverência a este grande herói do cinema, tão poderoso em sua bondosa fragilidade e em seu generoso coração!
6 Comments:
Sócio, já que estamos entrando no clima das festas de fim de ano, foi bom você ter lembrado do presunto. :-D
Falando sério, assim como você e o fazendeiro, não tenho a menor vergonha de declarar o meu apreço por Babe, o herói anti-determinista. Como se não bastassem todas estas preciosas lições de vida que você muito bem destacou, o filme ainda prima pelos efeitos que antropomorfizam os animais. Sem dúvida, uma das mais bem realizadas e contundentes fábulas do cinema. Para quem ainda não viu, recomendo também a seqüência “Babe, o Porquinho Atrapalhado na Cidade”. Grande abraço!
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Paulo Assumpção, at 12:00 AM
Evandro, quantas belas e valiosas lições esse porquinho australiano tem a nos ensinar! E pensar que, mesmo bem mais jovem do que hoje, não visualizei nenhuma dessas virtudes quando vi o longa uma única vez há mais de meia década (confesso que sempre achei-o superestimado, preferindo a seqüência realizada em 98). Desde já, uma filme que necessita revisão.
Cumps.
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Gustavo H.R., at 12:50 PM
Gosto do filme e do porquinho. Apesar de gostar mais de seu dono.
Quanto à sequência, acho-a horrível.
Em tempo, adorei o logo natalino.
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Anônimo, at 11:33 AM
Grande Evandro!
Antes de mais nada, quero agradecer a sua presença na peça que estamos encenando. Fiquei sinceramente agradecido com a sua presença e de sua simpática esposa, nos prestigiando. E se gostaram e se riram, fico ainda mais feliz. Muito obrigado, de coração!
Agora vamos ao presunto (rá! rá! rá!, esse Paulo...).
E adorei os dois filmes do Babe! Ri muito. Gostei especialmente daquelas três marmotinhas cantoras. Concordo com cada letra de seu post, assino embaixo. Um grande abraço, amigão! E vamos fazer o mega-encontro de blogueiros! Tenha um bom domingo!
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Marco, at 11:39 AM
É isso aí, sócio. Só tenha cuidado com o presunto, que isso engorda!hehe!
Realmente o filme vale uma revisão, Gustavo. É uma película que emociona sem ser apelativa.
Bem, Gabriel, não achei a seqüêntcia ruim. Está certo que só vi a continuação uma vez e há muito tempo, mas lembro-me de ter gostado.
Grande Marco, eu é que agradeço o convite e as boas gargalhadas que dei durante o espetáculo. Estávamos precisando disso. A Simone agradece pelo simpática.
Não posso deixar de reverenciar o seu talento como ator. Parabéns!
Vamos fazer o encontro sim. Já até falei sobre o assunto com o Paulo, mas vamos marcar mesmo e não só ensaiar. hehe!
Um grande abraço!
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Evandro C. Guimarães, at 8:34 PM
Olá Evandro e Paulo, é com felicidade que venho convidar-lhes para visitar o Portal Cine que está sendo reinaugurado hoje. Volto a blogosfera engatinhando mas feliz! Um grande abraço!!
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Anônimo, at 2:09 PM
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