sexta-feira, novembro 24, 2006

VIDA LONGA E PRÓSPERA - 40 ANOS DE JORNADA NAS ESTRELAS:
PRIMEIRO CONTATO

A data terrestre de 1996 foi um grande ano para Jornada nas Estrelas. A série original completava 3 décadas de existência. Ainda que o seu elenco já gozasse de uma merecida aposentadoria, reprises e convenções permaneciam atraentes para o público. Com a popularidade em alta, episódios inéditos eram exibidos pela TV norte-americana em nada menos do que dois seriados derivados (isto antes dos CSIs da vida!): Deep Space Nine e Voyager. O primeiro, ambientado em uma estação espacial, é seguramente a mais bem escrita e atuada de todas as séries de Jornada. Já o segundo, sobre uma nave perdida no espaço, nunca disse a que veio. Fora da televisão, a tripulação de A Nova Geração ganhava uma nova aventura cinematográfica. Porém, ao contrário do que ocorrera no filme anterior, Picard e cia. agora precisavam provar que poderiam segurar sozinhos um filme.

Perseguindo a fórmula do sucesso, produtores e roteiristas do 8º longa de Jornada retiraram de Jornada nas Estrelas II e Jornada nas Estrelas IV, até então os maiores êxitos cinematográficos da série, os elementos que mais agradavam ao público. Desta forma, de Jornada II recuperaram a idéia de escrever uma história que desse prosseguimento a eventos ocorridos na TV. No caso, o novo filme traria de volta os borgs, alienígenas meio-humanóides meio-máquinas, cujo objetivo é assimilar espécies e tecnologia. No episódio, “The Best of Both Worlds”, o último do 3º ano de A Nova Geração, os borgs seqüestraram o capitão Picard (Patrick Stewart) que, transformado em um deles, massacrou uma frota inteira. No final, inaugurando a onda dos cliff hangers televisivos, Picard é aparentemente morto e o suspense, para desespero dos fãs, só foi desfeito meses depois, no início da 4ª temporada.

Em Jornada nas Estrelas - Primeiro Contato (Star Trek - First Contact), seis anos após os acontecimentos mostrados nos episódios acima citados, os borgs retomam a sua tentativa de assimilar a Terra (o planeta em perigo foi um dos elementos emprestados de Jornada IV). Desta vez, os piores inimigos da Federação Unida de Planetas estão mais ousados. Eles voltam a meados do século XXI (a série se passa no XXIV), a fim de impedir que ocorra o primeiro contato dos vulcanos (a espécie de Spock) com os terráqueos, marco de uma era de paz e prosperidade para a humanidade (Gene Roddenberry ficaria orgulhoso!). Cabe mais uma vez à equipe de Picard, agora a bordo de uma nova nave, a Enterprise-E, frustrar os planos dos borgs.

O filme segue basicamente duas linhas narrativas. Metade do elenco luta para evitar que os borgs, liderados por uma sádica Rainha (Alice Krige), dominem a Enterprise. Aqui há espaço para o suspense e uma dose de terror nas aparições dos borgs, uma memorável seqüência de ação no casco da nave e inspirados diálogos trocados entre Picard e Lily Sloane (a ótima Alfre Woodard) - uma mulher do nosso século que põe em xeque a mentalidade supostamente evoluída do capitão. Enquanto isso, a outra metade precisa auxiliar o cientista Zefram Cochrane (James Cromwell) na realização de uma pioneira viagem espacial, sem a qual os vulcanos jamais prestariam atenção na gente. Este segmento do filme explora mais o humor (outra herança de Jornada IV), sobretudo por conta da hesitação de Cochrane em aceitar o papel que lhe foi/ou será (depende do ponto de vista) conferido pela História.

Já vi e revi este filme, sem ter encontrado algo que me desagradasse. Por outro lado, qualidades não lhe faltam. Destaques para a direção de Jonathan Frakes, a trilha sonora e as referências ao universo de Jornada. Frakes segue aqui a tradição de atores da série assumirem o comando de seus filmes, mas surpreende ao demonstrar segurança, criatividade e ousadia insuspeitas para um diretor de cinema estreante. Jerry Goldsmith também está de volta na condução da trilha incidental do longa, contribuindo, como de costume, para realçar as emoções do filme e tendo no tema principal uma de suas mais belas composições. A trilha ainda é formada por inusitadas canções de Roy Orbison e Steppenwolf. Por fim, as participações especiais de personagens de cada um dos seriados, até então existentes, de Jornada foram um presente para os fãs nos 30 anos da série.

Primeiro Contato ainda recebeu uma indicação ao Oscar, na categoria Melhor Maquiagem. Michael Westmore e sua equipe fizeram mesmo por merecer. Além de tornar verossímeis os personagens não-humanos da série, desta vez tiveram que dar conta dos borgs. Um trabalho hercúleo, considerando o fato de que, apesar da mente coletiva, cada um destes seres possui detalhes diferenciados na aparência, tornando-se ainda necessária a aplicação de próteses que simulavam partes orgânicas do corpo, combinadas com peças mecânicas (e funcionais!). Também houve um upgrade com relação às aparições televisivas dos borgs, que ganharam feições mais cinematograficamente assustadoras. A Rainha teve um tratamento todo especial, com o requinte de apresentar efeitos de iluminação em sua maquiagem. Westmore conseguiu o que parecia impossível com Alice Krige, conferindo-lhe uma face ao mesmo tempo sexy e apavorante.

O sucesso de crítica e público obtido por Primeiro Contato fez deste filme um paradigma para o que seria realizado posteriormente na franquia Star Trek, inclusive lançando as bases para Enterprise, sua última série derivada. No entanto, ninguém mais conseguiu acertar a mão na síntese do que há de melhor em Jornada, como ocorreu em Primeiro Contato. Talvez porque tenham se esquecido da liga: uma visão esperançosa do futuro.


Este post é dedicado a Jane Wyatt (1910-2006),
amada mãe de Spock (Jornada nas Estrelas),
Bud, Princesa e Kathy (Papai Sabe Tudo).

sexta-feira, novembro 17, 2006

UMA PÉROLA ESCONDIDA

Poucos negariam que Steven Spielberg é um dos maiores cineastas dos dias atuais. O talento inegável do diretor nos premiou com filmes como A Lista de Schindler (Schindler’s List), E.T., o Extraterrestre (E.T. The Extra-Terrestrial) e, mais recentemente, Munique (Munich), concorrente ao Oscar 2006. Muitos outros bons filmes poderiam ser citados, a lista seria bem grande. Mas, nesta listagem de grandes obras do diretor americano, geralmente seus admiradores deixam de fora a belíssima película chamada A Cor Púrpura (The Color Purple). Uma pena! Trata-se de um dos melhores trabalhos deste aclamado cineasta. Uma pérola ignorada.

Confesso que até pouco tempo atrás, não conhecia esta obra. Isto porque o filme não era citado como uma das grandes realizações de Spielberg, seja na opinião de profissionais – leia-se críticos de cinema – ou na visão dos fãs do diretor. Considerei que se tratava de um filme menor em sua filmografia e, por isso mesmo, fui sempre adiando o momento de assisti-lo.

Há uma semana atrás, no entanto, minha esposa, Simone, mudou essa história. Simone é fã incondicional do filme A Cor Púrpura e sempre quis comprá-lo em DVD. Ao vê-lo em promoção numa loja de departamentos, não tive dúvidas em presenteá-la com o DVD. No mesmo dia, ela quis assisti-lo. Mesmo sabendo do bom gosto da minha esposa – afinal de contas, ela se casou comigo! – ainda fiquei desconfiado. Será que não é um daqueles filmes açucarados que as mulheres gostam tanto, pensei com meus botões. E se for um daqueles filmes sobre racismo, onde a preocupação com o tema suplanta a qualidade da película? Pode-se ver que não estava exatamente animado para a sessão de vídeo.

Felizmente, eu não poderia estar mais equivocado. Conforme o filme foi passando diante dos meus olhos, a fascinação foi aumentando. Como poderia não me apaixonar por um filme tão emocionante e bem realizado como esse? A história tem muitos momentos simplesmente comoventes, mas sem apelações baratas. É uma película que emociona, nos cativa por causa do imenso carinho do diretor pelos personagens, principalmente a protagonista Celie.

Somos apresentados à história das irmãs Celie e Nettie, que buscam no amor que sentem uma pela outra a força para vencer as agruras de suas vidas sofridas. Separada de sua amada irmã e de seus filhos, a tímida e frágil Celie ainda tem que aturar seu “marido-propietário”, rude e dominador. Personagem bem defendido por Danny Glover. Acompanhamos a triste sina de Celie, até que a chegada da amante de seu marido, a cantora Shug Avery, começa a mudar o seu mundo bem devagar.

Muitos dramas paralelos interessantes tornam o filme ainda mais rico. Entre os grandes trunfos da produção está a surpreendente atuação de Whoopi Goldberg como a frágil e recatada protagonista Celie. Quem está acostumado a ver a atriz em comédias de gosto duvidoso, terá um choque ao assistir a esta obra. Whoopi Goldberg nos presenteia com uma composição totalmente verossímil, sem glamour e gestos forçados. Uma interpretação contida e delicada, que leva o espectador a se apaixonar e a torcer pela adorável Celie, que representa todas as mulheres, independente de cor ou credo, que vivem na sombra de maridos dominadores. Por trás daquele ser considerado nulo pelo marido e pela sociedade, vemos uma alma profundamente humana, cheia de anseios, idéias e sentimentos. Lutando com suas armas sutis para manter sua dignidade. Um dos personagens mais cativantes que já tive o prazer de conhecer através da magia do cinema.

Vemos em A Cor Púrpura um Spielberg que já se mostrava plenamente capaz de trabalhar assuntos adultos, mas ainda com o encanto e a mágica presentes em E.T.. Talvez o Spilberg de hoje tenha muito a aprender com este filme. Quem sabe ele finalmente perceba que a seriedade de um tema não exclui o lirismo e o encanto. Estes elementos podem e devem conviver numa mesma obra. Na verdade, considero que Spilberg não está ficando sombrio, está apenas ficando sem brilho.

Pouco importa quantos Oscars A Cor Púrpura deixou de ganhar. Esta premiação definitivamente não é um padrão de qualidade. Este filme é como sua personagem principal, ignorado e desprezado por muitos, mas cheio de beleza, delicadeza e força.

sexta-feira, novembro 10, 2006

QUERIA SER ROY NEARY

Quando se chega a uma certa idade, começamos a olhar mais para o nosso próprio passado. É o momento em que constatamos toda a impiedade da passagem do tempo. Há pessoas que lamentam pela degradação física. Outras por contextos que já não podem mais ser vividos. De minha parte, além dos entes queridos que se foram, o que mais me angustia é ter sido despido da inocência. Aos poucos, mas na marra, a vida foi abrindo meus olhos. Posso dizer que, por conta disso, hoje me defino como um cético. Porém, sinto falta de quando tinha mais fé nas coisas que estão para além do que só pode ser explicado pela razão. E como eu acreditava sem muito questionar! Os discos voadores encabeçavam a lista de minhas crenças perdidas. Tanto assim que meu gênero cinematográfico favorito logo se tornou a ficção científica. Que, para mim, não tinha nada de ficção.

No início dos anos oitenta, a hoje extinta Rede Manchete inaugurou suas transmissões com a exibição de Contatos Imediatos do Terceiro Grau (Close Encounters of the Third Kind). Ávido pelos mistérios vindos do espaço, quis conferir o filme. Por alguma razão, não o assisti naquela ocasião, mas apenas tempos depois. Não lembro bem se foi por conta do horário tardio da exibição do longa ou se meu pai não permitiu temendo que eu ficasse impressionado. Aliás, esta última hipótese era mais do que possível. Eu realmente me impressionava com estas histórias de o.v.n.i.s., haja visto que acreditava nelas quase que cegamente. Sentia uma enorme curiosidade pelo assunto, mas, ao mesmo tempo, ele me causava um medo terrível. Um de meus grandes temores de infância era justamente ser seqüestrado por e.t.s. O que, paradoxalmente, também não deixava de ser um desejo íntimo de que tal coisa ocorresse. Principalmente, quando os problemas nada imaginários apareciam!

Possivelmente, acabei sendo influenciado pela história de Contatos Imediatos do Terceiro Grau, que muitos diziam ser baseada em fatos reais. Nela, Roy Neary (Richard Dreyfuss, então alter ego do diretor Steven Spielberg), sujeito comum, trabalhador, pai de família, acaba sendo testemunha de uma aparição de discos voadores no interior dos Estados Unidos. Após este evento, Roy fica obcecado pela visão de uma montanha, local onde, na conclusão do filme, os alienígenas darão o ar de sua graça. Tal obsessão, gera ainda mais tensão nas já frágeis relações de Roy com sua família. Paralelamente a isso, Jillian Guiller (Melinda Dillon, indicada ao Oscar), inicia uma busca por seu pequeno filho abduzido, enquanto o misterioso Claude Lacombe (François Truffaut, ele mesmo!) consegue combinar informações que podem resultar em um primeiro grande encontro de seres extraterrestres com a humanidade.

O ritmo do filme é lento para os padrões atuais, mas nada que não seja compensado por mais um brilhante trabalho do início da carreira de Spielberg. Utilizando a mesma tática vitoriosa de Tubarão (Jaws), o cineasta deixa os nervos do público em frangalhos nas seqüências de contatos imediatos, onde não revela as reais aparência e intenções dos e.t.s. Tudo para nos conduzir a um surpreendente e apoteótico final. Momento em que entram em cena os alienígenas e suas multifacetadas naves, precedidos por um emocionante diálogo-concerto, a partir das inesquecíveis notas musicais compostas pelo maestro John Williams (mais tarde transformadas no “plim-plim” da Manchete e no toque de chamada do meu celular).

Apesar de toda a desconfiança que despertam ao longo do filme, as criaturas que emergem da colossal nave-mãe não passam de seres com aparência frágil e uma enorme curiosidade a respeito de nossa espécie. Verdadeiras crianças, talvez em uma espécie de excursão escolar pelo espaço. Atraído pelos alienígenas ou se identificando com eles, o protagonista Roy, ele próprio um crianção (seu filme predileto é Pinóquio), não hesita em deixar toda a sua banal e problemática vida terrestre para trás e parte para um mundo além da imaginação. O curioso é que este detalhe faz da última incursão de Spielberg no gênero, Guerra dos Mundos (War of the Worlds), um verdadeiro anti-Contatos Imediatos, já que os e.t.s são malvadões e o protagonista Ray – parece Roy, não? – Ferrier (Tom Cruise) luta desesperadamente para não perder a sua família. Mas que ninguém acuse o cineasta de ser incoerente! O tempo também tratou de despi-lo de sua inocência.

Ah, como é chato ser cético! Além de perdermos as esperanças quanto a este mundo, também deixamos de crer em uma providencial carona para o espaço!

No próximo post, tem mais do tio Spielberg...

sexta-feira, novembro 03, 2006

UM NOVO ALLEN?

Há alguns meses, críticas entusiásticas davam conta de que o novo filme do cineasta Woody Allen trazia uma grande novidade na filmografia deste gênio do cinema. Veríamos um Allen diferente, talvez um tanto sombrio e amoral. Aguardei com ansiedade a oportunidade de conferir este fato novo. Algo que só pude fazer com o lançamento de Ponto Final - Match Point (Match Point) em DVD.

Admito que há realmente elementos novos neste filme. O primeiro e mais notável deles é que Woody Allen não está presente na película. Alguns leitores devem estar pensando que não entendo nada a respeito da carreira do diretor. Na verdade, entendo muito pouco mesmo. Mas, obviamente, sei que ele não atuou em vários de seus filmes anteriores. Temos, por exemplo, Melinda e Melinda (Melinda and Melinda) e Celebridades (Celebrity), apenas para ficarmos com os mais recentes. Mas, quando disse que Allen não estava lá, não estava me referindo à sua participação no elenco. Estava querendo dizer que o personagem típico, que considero o alter ego de Allen - o compulsivo, obsessivo, todo enrolado e extremamente engraçado -, não estava lá.

Claro que isso já aconteceu antes, como na “fase Bergman” ou em filmes como Poucas e Boas (Sweet and Lowdown). Se bem que neste último, o personagem central ainda possuía algumas neuras woodyanas, embora fosse inspirado em uma pessoa real. Em filmes como Celebridades, Allen não está no elenco, mas seu personagem típico está lá, interpretado por Kenneth Branagh. Em Melinda e Melinda coube ao talentoso Will Farrell defender este personagem.

Já em Match Point não há espaço para o personagem neurótico típico de Allen. É uma produção evidentemente mais tensa e séria. Mais pesada, como deixa clara a trilha sonora pontuada por trechos dramáticos de óperas e não pelo tradicional jazz, como acontece em tanto outros filmes do diretor.

A temática não é tão nova assim na carreira de Allen. Quem assistiu ao filme Crimes e Pecados (Crimes and Misdemeanors) sabe bem do que estou falando. A diferença e a originalidade estão no enfoque. Enquanto Crimes e Pecados dialoga com o livro Crime e Castigo, de Dostoievski, Match Point parece desafiar a obra do escritor russo. Em Crimes e Pecados, o mote central são os dramas éticos e religiosos que se abatem sobre o personagem central. É bem verdade que este personagem termina por aprender a conviver com a sua própria culpa, sem chegar aos extremos de Raskolnikov, o “herói” do romance Crime e Castigo. Mas isso é conseguido após muito sofrimento. Já o protagonista de Match Point supera sua “culpa” de forma bem mais tranqüila, sem embates éticos ou religiosos, racionalizando seus atos e vencendo seus fantasmas, literalmente. É mesmo um filme livre de certas amarras morais.

Apesar das diferenças desta obra em relação ao restante da carreira, a genialidade do cineasta se faz presente de forma inquestionável. A forma como a cena e as falas iniciais resumem em si a grande ironia que marca a trama foi uma jogada de mestre. Há um momento capital na história que remete à seqüência inicial. A partir daí, você começa a desconfiar da grande surpresa do filme, que foge totalmente daquilo que pareceria o lógico a acontecer. Allen foi extremamente competente neste artifício, nos levando a refletir sobre a importância que algo tão incontrolável como a sorte tem em nossas vidas.

No saldo geral, trata-se de uma obra com elementos novos na obra do diretor, combinados com outros aspectos já explorados em filmes anteriores. Não é uma novidade total, mas talvez uma injeção de renovação no já vasto repertório do cineasta. Apenas espero que seu personagem neurótico, atrapalhado e falastrão, tão característico da sua obra, não desapareça por completo. Certamente ficaríamos carentes deste personagem, tão querido e necessário, e do humor inteligente e irônico, que serve para nos compensar pela onda de comédias grosseiras que teimam em ocupar tantas salas de cinema.

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