sexta-feira, março 31, 2006

VIDA LONGA E PRÓSPERA - 40 ANOS DE JORNADA NAS ESTRELAS: O [1º] Filme

Nos primeiros anos da década de 1970, com o surpreendente sucesso pós-cancelamento, o retorno de Jornada nas Estrelas deixou de ser apenas um clamor de fãs para se transformar em um projeto dos chefões da Paramount, detentora dos direitos sobre a série. O ensaio para a volta se deu entre 1974 e 1975, com uma série de 22 desenhos animados, dublada por boa parte do elenco do seriado original. Enquanto os desenhos eram exibidos, Gene Roddenberry, o pai de Jornada discutia com os executivos do estúdio a possibilidade de levar sua criação para as telonas. Roteiros foram então escritos, mas prontamente rejeitados pela Paramount, que também demonstrava indecisão quanto aos rumos do projeto: ora Jornada era longa para cinema, ora para TV, ora novamente um seriado...

O filme de Jornada nas Estrelas só conseguiu sair do papel em 1977. Naquele ano, os engravatados da Paramount finalmente se sentiram encorajados a investir em um retorno triunfal para Jornada graças ao sucesso de público de dois longas de ficção científica que então estrearam nos cinemas: Contatos Imediatos do 3º Grau (Close Encounters of the Third Kind) e, principalmente, Guerra nas Estrelas (Star Wars). Assim, o poderoso estúdio não poupou esforços para produzir um outro bem sucedido sci-fi, recrutando gente de renome no gênero para tirar a Enterprise do estaleiro, como o diretor Robert Wise (O Dia em Que a Terra Parou), os técnicos em efeitos especiais Douglas Trumbull e Jhon Dykstra (2001 - Uma Odisséia no Espaço) e o escritor Isaac Asimov (Eu, Robô).

A história de Jornada nas Estrelas - O Filme (Star Trek - The Motion Picture) não passa de reaproveitamento do roteiro escrito para o episódio-piloto da abortada série para TV Jornada nas Estrelas - Fase II (para economizar, os cenários feitos para este seriado também foram usados na produção cinematográfica). O arremedo de trama mostra a volta do (então) almirante Kirk (William Shatner), do sr. Spock (Leonard Nimoy) e do dr. McCoy (DeForrest Kelley) à nave estelar USS Enterprise, a fim de se juntarem aos veteranos Scott, Uhura, Sulu, Checov, dra. Chapel, Janice Rand, e aos novos tripulantes, dentre os quais o capitão Decker (com quem Kirk bate de frente) e a sensual alienígena carequinha Ilia. A nova missão: descobrir quais são os propósitos de uma misteriosa força que avança perigosamente em direção ao planeta Terra.

Apesar dos esforços de toda a equipe envolvida na produção do filme, o resultado desta primeira aventura cinematográfica de Jornada nas Estrelas deixa a desejar. O ritmo da fita é por demais arrastado. E a culpa não é do mestre Wise (que até tentou – sem sucesso – minimizar o problema ao reeditar o longa para o seu lançamento em DVD). O que prejudicou o filme foi mesmo a ausência de um roteiro capaz de definir com clareza os rumos da história e injetar empolgação à narrativa. Desta forma, nossos heróis pouco tem a fazer, a não ser observar o desenrolar dos fatos. Com aqueles uniformes parecendo pijamas, não seria de admirar que, num dado momento, simplesmente fossem dormir até a conclusão do enigma. Como se não bastasse, o filme também não conseguiu capturar o espírito de leveza da Série Clássica. Em tela grande, tudo ficou muito frio e solene.

Contudo, Jornada nas Estrelas - O Filme tem lá os seus méritos, como a magistral trilha sonora de Jerry Goldsmith, que virou uma das marcas registradas da série. E ainda que não houvesse nenhum elogio a ser feito, a produção já teria valido a pena somente pelo fato de trazer de volta a Enterprise e sua legendária tripulação. Não tenho dúvidas de que isto é o que melhor explica o bom desempenho do filme nas bilheterias, garantia de que a aventura de Jornada no cinema estava apenas começando...

Este post é dedicado ao astronauta Marcos Pontes, que foi onde nenhum brasileiro jamais esteve.

7 Comments:

  • Tenho que confessar uma coisa, por mais que eu respeite a série e os filmes do Jornada nas Estrelas, nunca me interessei por nada relacionado a ele.

    By Anonymous Anônimo, at 1:19 PM  

  • Caro xará:

    Muito bem dedicada matéria ao primeiríssimo astronauta brasileiro... Aquela imagem dele apontando o nosso lábaro faz com que eu deixe aqui uma transposição poemática:

    "Em que alto mastro de alcandoras,Marcos Pontes,bandeira do Brasil!

    Válido,muito válido,seu registro dos 40 anos dessa "série" estelar,quasática, memorável.

    Aquele abraço sabatino.

    By Anonymous Anônimo, at 8:09 PM  

  • Do Jornada nas Estrelas, os primeiros filmes são praticamente uma obra de arte. Os que vieram a partir da metade final dos anos 80 e 90 já caíram, infelizmente, numa mesmice incontrolável. Mas nada que tire o brilho do seriado, nem da longevidade dos primeiros filmes. Um abraço, até!!


    PS: convido-os para visitarem o blog Escrevinhadores, do qual faço parte. O tema deste mês é "exílio". Até!

    By Blogger Luiz Henrique Oliveira, at 5:04 PM  

  • Partilho os sentimentos do Vladimir, porém reconheço que a legião de admiradores da saga de Gene Roddenberry são extremamente dedicados e fiéis. Jamais vi esse primeiro filme.

    Cumps.

    By Blogger Gustavo H.R., at 3:56 PM  

  • Oi Paulo! Pôxa, irei endossar o coro dos "não muito fãs" de Jornada nas estrelas,mas hei de concordar que o filme tem seu mérito, haja vista a legião de fãs que possui. Olha, tem resenha nova no "literatura". Estou aguardando sua visita,ok?!Bjs.

    Obs:Assisti "Crianças Invisíveis", vc já assistiu?

    By Anonymous Anônimo, at 10:04 PM  

  • Caraco! Já tem 40 anos!!!! Então tem 42 do "Perdidos no espaço"!!!
    Melhor eu ficar quieto se não vão descobrir que eu vi essas duas séries naquele tempo...Boa lembrança, Paulo! Quanto a dedicatória, quem sabe não inventam um motor de anti-matéria para se atingir velocidades warp e o nosso cosmonauta não vai um pouquinho além? Um abraço!

    By Blogger Marco, at 11:48 PM  

  • Vladimir, não sabe o que está perdendo! Jornada nas Estrelas V, por exemplo, renderia mais um daqueles divertidos posts que você escreve no NTSA. :-D

    Xará, foi mesmo muito bacana o gesto do Marcos Pontes. Estou acompanhando a ida dele ao espaço com a mesma empolgação de quando assisto a um episódio de Jornada.

    Luiz, as Jornadas cinematográficas tiveram mesmo os seus baixos, mas no período que citou estão dois dos melhores longas da série: o 4º filme e Primeiro Contato.

    Iris, mais uma vez, seja bem-vinda ao Cinelândi@! Não deixe de convidar o Davi para ler este trek-post e, assim, também conhecer nosso humilde blog.

    Gustavo, se os rumos da história fossem outros, você certamente teria assistido a Jornada nas Estrelas – O Filme. É que Spielberg esteve cotado para dirigi-lo.

    Flavia, assim que eu tiver um tempinho, passo no Literatura para conferir as novidades. Quanto ao Crianças Invisíveis, ainda não assisti.

    Marco, sabia que alguns dos conceitos de Perdidos no Espaço foram roubados de Gene Roddenberry quando ele ainda tentava vender suas idéias para Jornada?

    Abração pra todos!

    By Blogger Paulo Assumpção, at 11:21 PM  

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