NO FESTIVAL DO RIO 2006
- O Leopardo (Il Gattopardo) – Na segunda metade do século XIX, o príncipe D. Fabrizio Salina (Burt Lancaster) é testemunha passiva da Reunificação Italiana e do conseqüente ocaso de sua própria classe. Inspirada no livro de Giuseppe Tomasi Di Lampedusa, esta que é considerada a obra-prima de Luchino Visconti, impressiona pela belíssima fotografia que remete a pinturas clássicas, pela atuação carregada de angústia do hollywoodiano Lancaster e pelo perspicaz retrato de um momento histórico.
- Luchino Visconti – Documentário a respeito do cineasta, homenageado com uma mostra específica na programação do festival. Escrito, dirigido e apresentado pelo historiador do cinema Carlo Lizzani, seu amigo de longa data, o filme segue um formato tradicional, debruçando-se mais sobre o artista Visconti do que sobre o homem Visconti. Tudo soa ainda mais frustrante quando os últimos anos do diretor são abordados de modo apressado e a fita termina abruptamente. Pior do que isso só ver Claudia Cardinale envelhecida.
- C.R.A.Z.Y. - Loucos de Amor – Produção canadense que narra, com muito bom humor, a história de Zachary Beaulieu e sua família, durante os anos 60 e 70. Os personagens são simpáticos e seus diálogos escritos com capricho. Pena que o roteirista tenha perdido o rumo da trama. Nada que não compensem as seqüências de delírio do protagonista, bem ao estilo do que ocorria na ótima e finada série A Sete Palmos (Six Feet Under), bem como a caprichada trilha sonora, que “promove o encontro” de Pink Floyd com Charles Aznavour. Merecia virar seriado!
- A Scanner Darkly – Segundo esta animação de ficção científica, baseada em livro de Philip K. Dick, daqui a alguns anos, o combate às drogas – cada vez mais pesadas – será tão ferrenho que as autoridades necessitarão ocultar suas identidades, inclusive dos próprios colegas. Neste contexto, o policial Bob Arctor (Keanu Reeves) recebe a inusitada missão de investigar um suspeito: ele mesmo! Apesar deste mote interessante e dos lampejos sobre a fictícia sociedade futura, a verborragia torna o filme extremamente cansativo.
- Babel – Meninos marroquinos atiram por brincadeira em um ônibus e ferem gravemente uma turista norte-americana. Seus filhos, sob os cuidados de uma babá mexicana, passam por sérios apuros quando a senhora os leva para uma festa no México. Enquanto isso, japonesa surda sofre por querer levar uma vida “normal”, ao mesmo tempo em que o pai é procurado pela polícia por ser dono da arma utilizada pelos garotos do Marrocos. Globalização é isso aí! Mais um contundente e sensível trabalho de Alejandro González Iñárritu.
- O Tigre e a Neve (La Tigre e la Neve) – Cinéfilos, tremei! Roberto Benigni está de volta! Desta vez, ele vive o poeta Attilio De Giovanni, que todas as noites sonha estar se casando com a mulher amada (Nicoletta Braschi). Porém, na vida real, ela acaba sendo vitimada pelos bombardeios de Bagdá, na 2ª Guerra do Golfo. Resta a Attilio viver diversas peripécias para salvá-la. Ou seja, Benigni usa a mesma tática de A Vida é Bela (La Vita è Bella): tenta fazer graça com coisas sérias. Exceto por duas ou três boas piadas, desta vez, fica só na tentativa.
- Pixote in Memoriam – Vinte e cinco anos após o lançamento de Pixote - A Lei do Mais Fraco, alguns dos envolvidos na produção daquele longa, como Hector Babenco, Marília Pêra e os rapazes (agora trintões ou quarentões) que interpretaram os companheiros do protagonista, são reunidos para falar, entre outras coisas, sobre o processo de filmagem e o trágico destino de Fernando Ramos da Silva. O documentário ainda lembra que a situação dos menores carentes, que chocou o público de Pixote mundo afora, ainda é atual e – pior – mais grave.
PAULO ASSUMPÇÃO
7 Comments:
Eu vi alguns também, amigo Paulo. Gostei muito de todos. Especialmente, tive a minha noite "Antigas Ternuras" ao poder ver um filme dos meus tempos de moleque, em Caxias: "Blue Demon contra as Aranhas Sanginárias". trash puro! E uma delícia!
Vi também "Pequenas flores vermelhas", "Os irmãos Collyer", "Efectos Secundarios", "A fonte da vida"... Nossa! Fiz a festa! Pena não poder ter visto mais.
Abração!
By Marco, at 12:24 PM
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By Evandro C. Guimarães, at 5:22 PM
Novamente não pude conferir nada do festival. Resta esperar pelos filmes que vão estrear no grande circuito.
By Evandro C. Guimarães, at 5:28 PM
Bom, estou bem longe geograficamente de frenquentar o Festival por isto sou obrigado a confessar uma ponta de inveja por quem tem a possibilidade de ver os filmes nele, principalmente, exemplos como Babel.
By Anônimo, at 6:43 PM
Ah, alguns títulos que torço para que venham para São Paulo, na Mostra.
Ah, o desafio será respondido em breve. Obrigado pelo convite.
By Anônimo, at 2:08 PM
Acho muita pretensão falarem que o Festival do Rio é o maior da América Latina (Cacá Dieges), falta muito, mas muito para ter uma história como a Mostra de Cinema de São Paulo que esse ano vai para sua 30ªEdição, tendo passado por aqui os mais diversos diretores do mundo, até o Tarantino deu as caras. Acho importante outros festivais como o de sua cidade, mas um pouco de razão não é mal. Para quem tiver interesse visite o site da Mostra, ele é considerado o 2º maior site de cinema do mundo (empatado com o American Film Institute).
By Anônimo, at 9:30 AM
Dedalus e demais leitores, peço desculpas se foi um equívoco ter me referido ao Festival do Rio como o maior da América Latina. Apenas acompanhei uma colocação feita pela imprensa. No entanto, considero estéril este tipo de discussão (disputa?) a respeito de quem é o maior ou menor, o 1º ou 2º... Isto acaba por eclipsar a real importância destes eventos: permitir que o público de cinema possa assistir ao que tem sido produzido de melhor na sétima arte. Obras que, se não fossem exibidas nestes festivais ou mostras, jamais poderíamos apreciar.
A todos, agradeço pelos comentários e deixo meu abraço virtual!
By Paulo Assumpção, at 1:35 PM
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