domingo, outubro 29, 2006

A MAGIA DO CINEMA EM UMA CENA

sexta-feira, outubro 20, 2006

VIDA LONGA E PRÓSPERA - 40 ANOS DE JORNADA NAS ESTRELAS:
GENERATIONS

Em 1987, quase duas décadas após o cancelamento das aventuras originais de Kirk, Spock e cia., Jornada nas Estrelas retornou ao seu meio original, a televisão, em episódios inéditos. Porém, havia algo de diferente no ar. Logo as primeiras imagens já mostravam uma nave Enterprise com um design nada familiar aos fãs e sob o comando de um capitão careca. Definitivamente, não era William Shatner sem peruca! Tratava-se do primeiro seriado derivado de Star Trek: A Nova Geração (The Next Generation), que, em muitos aspectos, foi onde sua antecessora jamais esteve. Só para citar alguns exemplos, foi pioneira num sistema de exibição que dispensava as grandes redes de TV norte-americanas, durou 7 temporadas (4 a mais do que a série clássica) e chegou a ser indicada ao Emmy de Melhor Série Dramática.

No ano de 1994, ainda com a popularidade em alta, a produção televisiva de A Nova Geração foi interrompida e a série migrou para o cinema. O novo elenco recebia então a honra e a responsabilidade de dar continuidade à cinessérie, que já contabilizava 6 longas estrelados por seus colegas veteranos. A princípio, estes até estariam de volta no sétimo filme, que reuniria as gerações de Jornada bem ao estilo dos encontros de heróis nas HQs, ou seja, eles se estranhariam no começo, mas acabariam unindo forças para derrotar o vilão da vez. Tal idéia gerou impasses para os roteiristas, que terminaram por reduzir a participação do elenco original à tríade Kirk-Spock-McCoy. Assim mesmo, na condição de uma participação especial. Como Leonard Nimoy e DeForrest Kelley não toparam, Kirk (Shatner) ganhou a companhia de Scotty (James Doohan) e Chekov (Walter Koenig).

Desta forma, Jornada nas Estrelas - Generations (Star Trek: Generations) começa mostrando o capitão Kirk (Shatner) e seus velhos companheiros como convidados da cerimônia de lançamento da Enterprise-B. A festa é interrompida quando a nave precisa socorrer duas outras que estão presas em uma misteriosa faixa de energia. Para salvá-las, Kirk banca o herói mais uma vez, porém o compartimento onde ele se encontra acaba destruído e o capitão dado como morto. Quase um século depois, a tripulação da Enterprise-D (a mesma de A Nova Geração), comandada pelo capitão Jean-Luc Picard (Patrick Stewart), se vê às voltas com o Dr. Tolian Soran (Malcom McDowell), obcecado pela tal faixa de energia, na verdade, um portal para uma dimensão paradisíaca. E adivinhem quem está lá, vivinho da silva e pronto para dar uns pescotapas no vilão?

Para os trekkers mais xiitas, este filme é um verdadeiro atentado à série. De uma só tacada, seu protagonista original, que tantas vezes driblou a morte, não consegue escapar dela desta vez. E, como se isto não bastasse, a Enterprise-D (mais uma!) também vai para o espaço, ou melhor, cai – literalmente – do espaço. Como não sou um fã radical, considero que estes fatos incomodam menos do que a ausência de Spock e do Dr. McCoy, ainda que esta fosse breve. Uma pisada na bola dos produtores, que não se esforçaram para levar os intérpretes destes importantes personagens mais uma vez a bordo.

Quanto à destruição da Enterprise de Picard, penso que esta acabou até rendendo uma das seqüências mais memoráveis do filme, ao lado da abertura que mostra uma garrafa de champanhe flutuando no espaço. Já a morte de Kirk, embora, com menos preguiça dos roteiristas, pudesse ter ocorrido de modo mais espetacular, penso que foi mesmo inevitável. Afinal, Generations pode ser visto como uma espécie de passagem de bastão de uma série para a outra. Neste sentido, nada mais emblemático do que Picard enterrando seu antecessor. O que também pode ser interpretado como um enterro simbólico do criador da série Gene Roddenberry, morto na pós-produção do filme anterior. A partir de então, seu sucessor, Rick Berman assumia de vez os rumos da franquia. Para o bem ou para o mal.

sexta-feira, outubro 13, 2006

O RECORTE

Lembro-me que na época dos atentados de 11 de setembro de 2001 alguns especialistas em cinema afirmaram que Hollywood levaria séculos para fazer filmes a respeito desta tragédia. Talvez os séculos estejam passando mais rápido. No entanto, acho mais fácil acreditar que tais entendidos em cinema erraram em suas avaliações. Apenas cinco anos após o ocorrido, estamos sendo varridos por uma leva de filmes inspirados nos lamentáveis eventos que chocaram o mundo naquele fatídico dia.

Um destes filmes é As Torres Gêmeas (World Trade Center), do polêmico diretor Oliver Stone. Primeiramente, devemos ressaltar a dificuldade que qualquer cineasta enfrentaria ao tratar deste tema. Os fatos são ainda muito recentes. Os familiares das vítimas estão atentos e podem se sentir ofendidos com qualquer ousadia dos responsáveis pela produção do filme. Stone caminhou num terreno muito irregular, escorregadio e cheio de armadilhas. Possivelmente por este motivo, ele tenha deixado as polêmicas e teorias conspiratórias de lado e optado por um recorte mais seguro e confortável nesta obra.

O diretor centrou o seu foco no drama de dois personagens presos sob os escombros das torres do World Trade Center e no sofrimento das suas famílias. Ao optar por este recorte tão limitado dentro de tantas possibilidades temáticas que a tragédia suscita, Stone fugiu de polêmicas e debates que ainda são tabus na sociedade americana. Covardia? Seria fácil para mim afirmar que faltou coragem ao cineasta e que isto compromete totalmente a validade da obra. Sim, seria fácil, mas também seria leviano. Por isso, deixo este julgamento para vocês que assistiram ou ainda assistirão ao filme. Prefiro acreditar que ele poderia ter optado por um recorte mais amplo, mas a sua opção por um foco mais particularista não anula a relevância deste filme muito bem realizado.

Talvez uma das maiores qualidades da película seja o clima absurdamente claustrofóbico no qual o espectador se vê ao acompanhar o sofrimento daqueles dois policiais, presos no verdadeiro inferno real. Não houve atenuantes para garantir mais conforto ao público. Somos jogados naquele pesadelo junto com os personagens, nos compadecemos da sua dor, tanto física quanto emocional. Ansiamos por sair daquela situação mais do que os próprios personagens. Neste aspecto, Stone acertou a mão, não deixando dúvidas em relação ao seu talento atrás das câmeras.

Na minha modesta visão, Nicolas Cage está em um de seus melhores momentos. A construção sóbria, desprovida de glamour, de seu personagem, o sargento John McLoughlin, é um dos trunfos do filme, colaborando para a verossimilhança da trama. A economia de gestos, quando estes são possíveis, a parcimônia com a qual usa a expressividade do rosto e da própria voz são louváveis. O ator constrói um homem real. Um tipo caladão, que não gosta de se expressar e se expor. Soterrado também pela rotina, principalmente na parte sentimental de sua vida.

Parece que neste filme, Stone não quer ser a grande estrela. Ironicamente, este fato abre caminho para que seu talento como diretor se torne mais evidente. Logo no início do filme, há uma seqüência que mostra a cidade de Nova Iorque amanhecendo. Nunca tinha visto um diretor captar com tanta sensibilidade o clima de uma metrópole despertando para mais um dia rotineiro de trabalho. Imediatamente me identifiquei com aquelas pessoas imersas em sua rotina, caminhando tranqüilamente para seus já conhecidos destinos. Lembrei-me do meu próprio espírito, na hora em que me dirigi para meu trabalho naquele mesmo dia. Instintivamente pensei nas pequenas tragédias que podem estar nos esperando em cada esquina, na vida louca das grandes cidades modernas. Pensei em como um espírito entorpecido pela rotina reagiria a tragédias desta magnitude. Mas, ao mesmo tempo, havia algo de reconfortante naquele amanhecer. Talvez o pequeno conforto que se revela no fim da película. Mesmo numa tragédia que venha a te deixar perplexo e desorientado, sempre haverá uma mão fraterna a te ajudar apenas por saber que aquilo é a coisa certa a se fazer.

sexta-feira, outubro 06, 2006

NO FESTIVAL DO RIO 2006

Por uma série de razões que não cabem ser discutidas neste espaço, a minha cidade natal há muito vem perdendo a sua aura de maravilhosa. No entanto, sua população cinéfila ainda não tem muitos motivos para se queixar. Afinal, o Rio de Janeiro abriga todos os anos, entre setembro e outubro, o maior festival de cinema da América Latina. Como sempre, fiquei com muito mais água na boca do que pude saborear os bons filmes exibidos. Além de o festival coincidir com o encerramento do 3º bimestre letivo, este ano outros obstáculos se interpuseram à minha sede cinéfila, desde trabalhar em pleno sábado até a greve bancária. Superando um e outro, eis o que consegui conferir:

  • O Leopardo (Il Gattopardo) – Na segunda metade do século XIX, o príncipe D. Fabrizio Salina (Burt Lancaster) é testemunha passiva da Reunificação Italiana e do conseqüente ocaso de sua própria classe. Inspirada no livro de Giuseppe Tomasi Di Lampedusa, esta que é considerada a obra-prima de Luchino Visconti, impressiona pela belíssima fotografia que remete a pinturas clássicas, pela atuação carregada de angústia do hollywoodiano Lancaster e pelo perspicaz retrato de um momento histórico.

  • Luchino Visconti – Documentário a respeito do cineasta, homenageado com uma mostra específica na programação do festival. Escrito, dirigido e apresentado pelo historiador do cinema Carlo Lizzani, seu amigo de longa data, o filme segue um formato tradicional, debruçando-se mais sobre o artista Visconti do que sobre o homem Visconti. Tudo soa ainda mais frustrante quando os últimos anos do diretor são abordados de modo apressado e a fita termina abruptamente. Pior do que isso só ver Claudia Cardinale envelhecida.

  • C.R.A.Z.Y. - Loucos de Amor – Produção canadense que narra, com muito bom humor, a história de Zachary Beaulieu e sua família, durante os anos 60 e 70. Os personagens são simpáticos e seus diálogos escritos com capricho. Pena que o roteirista tenha perdido o rumo da trama. Nada que não compensem as seqüências de delírio do protagonista, bem ao estilo do que ocorria na ótima e finada série A Sete Palmos (Six Feet Under), bem como a caprichada trilha sonora, que “promove o encontro” de Pink Floyd com Charles Aznavour. Merecia virar seriado!

  • A Scanner Darkly – Segundo esta animação de ficção científica, baseada em livro de Philip K. Dick, daqui a alguns anos, o combate às drogas – cada vez mais pesadas – será tão ferrenho que as autoridades necessitarão ocultar suas identidades, inclusive dos próprios colegas. Neste contexto, o policial Bob Arctor (Keanu Reeves) recebe a inusitada missão de investigar um suspeito: ele mesmo! Apesar deste mote interessante e dos lampejos sobre a fictícia sociedade futura, a verborragia torna o filme extremamente cansativo.

  • Babel – Meninos marroquinos atiram por brincadeira em um ônibus e ferem gravemente uma turista norte-americana. Seus filhos, sob os cuidados de uma babá mexicana, passam por sérios apuros quando a senhora os leva para uma festa no México. Enquanto isso, japonesa surda sofre por querer levar uma vida “normal”, ao mesmo tempo em que o pai é procurado pela polícia por ser dono da arma utilizada pelos garotos do Marrocos. Globalização é isso aí! Mais um contundente e sensível trabalho de Alejandro González Iñárritu.

  • O Tigre e a Neve (La Tigre e la Neve) – Cinéfilos, tremei! Roberto Benigni está de volta! Desta vez, ele vive o poeta Attilio De Giovanni, que todas as noites sonha estar se casando com a mulher amada (Nicoletta Braschi). Porém, na vida real, ela acaba sendo vitimada pelos bombardeios de Bagdá, na 2ª Guerra do Golfo. Resta a Attilio viver diversas peripécias para salvá-la. Ou seja, Benigni usa a mesma tática de A Vida é Bela (La Vita è Bella): tenta fazer graça com coisas sérias. Exceto por duas ou três boas piadas, desta vez, fica só na tentativa.

  • Pixote in Memoriam – Vinte e cinco anos após o lançamento de Pixote - A Lei do Mais Fraco, alguns dos envolvidos na produção daquele longa, como Hector Babenco, Marília Pêra e os rapazes (agora trintões ou quarentões) que interpretaram os companheiros do protagonista, são reunidos para falar, entre outras coisas, sobre o processo de filmagem e o trágico destino de Fernando Ramos da Silva. O documentário ainda lembra que a situação dos menores carentes, que chocou o público de Pixote mundo afora, ainda é atual e – pior – mais grave.

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